sábado, 11 de abril de 2009

Coelho da páscoa

A Páscoa é um período comercialmente excelente para os shopping centers, após o marasmo decorrente da folia momina.
Logo que comecei a trabalhar artisticamente com balões de látex, percebendo o nicho de mercado existente, elaborei projetos voltados para esta temática. Na verdade, a minha primeira escultura tridimensional gigante foi a de um coelho, produzida em abril de 1998, para o Shopping Iguatemi de Fortaleza, Ceará.

Vi que não seria tarefa fácil, pois na época não possuía nenhum traquejo em esculturas tridimensionais, consideradas por muitos profissionais como uma das técnicas mais difíceis. Naquela época, início da difusão da arte com balões pelos americanos, poucos se atreviam a enveredar por tal caminho. No Brasil eram raros quem se habilitava a realizá-las. E foi o que me estimulou ainda mais.

Folheando a “bíblia” dos balões, a revista americana Images, publicação da Pioneer Co., exclusivamente para divulgar a marca Qualatex, vi diversas esculturas e cenários.

Baseei-me por alguns trabalhos, não lembro agora de quais artistas foram e então criei o projeto “Parque da Páscoa”. Inserimos esculturas em estrutura simples, sem tanta complexidade, como cenouras gigantes, flores, árvores e arcos para ambientar as várias praças do shopping. Na praça com o pé-direito mais amplo, contemplando o gigantismo da escultura principal, foi colocado o “Papai Coelho”, que tinha mais de 8m de altura.

Numa maratona que levou praticamente uma semana ininterrupta de trabalho árduo junto com a minha equipe, dobrando barras de alumínio, cortando telas de arame galvanizado (haja furos nos dedos, doía demais!) e fixando-as com arame nas peças do “esqueleto” do “coelhinho”. Primeiro as patas, depois o tronco, a cabeça e por fim as orelhas. Tudo produzido separadamente, para depois serem montadas definitivamente, uma a uma, formando a peça completa, no interior do shopping.

Lá é que “o bicho pegou”: A montagem de todo o cenário não poderia ultrapassar 8h. Exigência do cliente. E ainda tínhamos mais de 9.000 balões para inflar. E nem todos na equipe dominavam as técnicas de enchimento, amarração e, principalmente, de fixação dos balões na estrutura, que era feito com o auxílio de clips.

Maratona! Quem não tiver preparo físico (e psicológico!), não recomendo que se aventure.

Foram horas de sufoco, quase sem tempo nem para respirar.

Na escultura gigante, do corpo e das peças inferiores nem tivemos tanta dificuldade para montá-las, mas quando partimos para posicionar a cabeça e as orelhas, vimos por qual motivo trabalhar com balões não é nenhuma brincadeira! O relógio corria contra nós. Suamos literalmente a camisa e quase borramos as calças (Ops!).

Mas como tudo sempre dá certo no final para quem persevera e busca superar seus próprios limites, concluímos a tempo. No sufoco, mas a tempo. E ainda tivemos como incluir alguns detalhes que deixaram o coelhinho, digamos, mais simpático: Uma gravata borboleta, a apetitosa cenoura em suas patas e um cesto de “ovos”. Outro detalhe fundamental para dar realismo ao coelho, era a dobra em uma das suas orelhas. O cara ficou charmosão!

Em outra praça, uma das mais sofisticadas, fizemos um “lago” repleto de "ovos"(balões de varias cores e tamanhos, espalhados dentro de um lago artificial).



O nível de stress foi altíssimo para todos da equipe, mas no fnal, ao visualizarmos o resultado final, a satisfação de dever cumprido nos encheu de ânimo e alegria.
Era o teste que precisávamos para, a partir dali, prosseguirmos, mais confiantes, por esse magnífico segmento da Arte com Balões, uma das mais fascinantes vertentes do Balonismo artístico.
De lá para cá já realizamos uma série de outras esculturas, cada uma delas com peculiaridades e histórias pitorescas. E vamos contá-las depois.

Feliz Páscoa!